Os reflexos já não são os mesmos. A disposição, idem. Os
hábitos vão esmaecendo, vão esfuziando e um dia, eles desaparecem. A gente demora pra notar, mas o tempo passa
e, quando se dá conta, cresceu tudo o que tinha pra crescer, tem nas costas a maioridade
e tudo o que ela traz. Tem no rosto, barba e olheiras. Na mente, ideias novas e
diferentes.
A gente não percebe. Tudo é tão alardeado e ainda assim, nos
esquecemos, ou talvez tenhamos preferido não enxergar. No passar dos anos, uma
revolução aconteceu e te fez “capaz de ser qualquer pessoa”, exceto o alguém
que você era.
De repente, mas, não tão repentinamente assim, o desenho
animado já não anima, os amigos são outros(se é que ainda os têm), a música
favorita de outrora já não está na memória. São outras bandas, outros costumes,
outras palavras, outras pessoas. Um corpo novo e uma nova vida. No fim das
contas, o que restou, de fato, foi o nome e algumas das suas associações.
A disposição para acordar é ainda menor, as obrigações,
maiores. A memória claudica, o corpo se fragiliza e o tempo, ele corre contra
nós. A gente também sabe, mas ignora igualmente: daqui pra frente, não tem como
esconder a ação do tempo. Não tem como ser você. Junte os trapos, as coisas
aprendidas, as lembranças cada vez mais distantes e siga em frente.
Aprenda a tolerar. O trabalho indesejado, a companhia
indesejada, a situação indesejada. Envelhecer, é aprender a tolerar. É
resignar-se. Quando você se dá conta do que o tempo te fez... do que ele ainda
há de fazer, a resignação é instantânea. Então, torça pra ter uma memória ruim.
Em pouco tempo, vai esquecer de paixões, de quereres, de sonhos, desafetos, até
as cenas de filmes, irão parecer sequencias de fotografias desbotadas, após
algumas semanas.
Envelhecer, é o caminho natural. É aceitar, é relegar.
Quando paro e penso(situação cada vez mais incomum), percebo
o quanto mudei. O quão complacente me tornei. O quanto anseio por assimilar o
que me falta e me acoplar ao contexto que já se impregnou a mim, há tempos. O
quanto anseio, quem diria, por mais e mais apatia.
Eu tô cada vez mais indiferente. Cada vez mais esquecido,
cada vez mais sozinho. Nada poderia ser mais adequado. É a maturidade chegando.
Nada disso é por acaso, isso é envelhecer. Eu tô ficando velho.
A vida não gosta de fantasias. Ninguém é Peter Pan.
Oi Elton,
ResponderExcluirEstou passando para avisar que indiquei essa postagem sua como uma das melhores que li essa semana na blogosfera. Espero que goste da homenagem: http://thevitro.blogspot.com.br/2013/06/espaco-do-leitor.html#comment-form
O Vitrô
Fiquei lisonjeado. Tentarei continuar agradando.
ExcluirMuito bom o texto... :)
ResponderExcluirValeu! apareça aqui mais vezes.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito bom texto!!
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